Sobre como usar o Teorema de Bolzano para assegurar a existência de soluções para equações não lineares
Vamos lá?
Antes de sair buscando uma solução para uma equação não linear $f(x) = 0$ é importante saber se a equação de fato tem solução. O Teorema de Bolzano é uma ferramenta teórica para isso. Nesta aula, eu relembro esse teorema e mostro um exemplo de como utilizá-lo.
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No contexto de uma equação não linear para que usamos o Teorema de Bolzano?
A. Para determinar pelo menos uma solução para a equação.
B. Para descartar intervalos onde com certeza não haja solução.
C. Para identificar intervalos onde com certeza haja solução.
Satisfeitas as hipóteses do teorema, o que pode ser dito sobre o intervalo $(a,b)$?
A. O intervalo $(a,b)$ contém zeros de $f.$
B. O intervalo $(a,b)$ contém um único zero de $f.$
Se a função for contínua em $[a,b]$ e $f(a)\cdot f(b) > 0,$ então podemos afirmar que...
A. não há zeros de $f$ em $(a,b).$
B. pode haver zeros de $f$ em $(a,b).$
C. se houver zeros de $f$ em $(a,b),$ será em quantidade par.
Resolver uma equação não linear da forma $f(x)=0$ é o mesmo que buscar os zeros da função $f,$ isto é, os valores de $x$ para os quais a função se anula. Existem diversos métodos numéricos para estimar as soluções da equação (ou os zeros de função). Porém, antes de aplicar um método numérico, pode ser importante localizar o zero, ou seja, identificar um intervalo $[a,b]$ que certamente contenha um zero da função. O teorema de Bolzano é uma ferramenta teórica que permite isto.
Teorema de Bolzano: Seja $f:[a,b]\to \mathbb{R}$ uma função contínua, tal que $f(a)\cdot f(b) \lt 0.$ Então existe $c\in(a,b)$ tal que $f(c) =0$.
Este teorema tem uma interpretação geométrica bem clara. Uma função contínua que troca de sinal nos extremos de um intervalo tem que ter atravessado o eixo das ordenadas. Esta é a essência do teorema de Bolzano .
Mesmo que a função não troque de sinal nos extremos de um intervalo, ainda pode haver pontos onde a função se anula. Ou seja, as hipóteses do teorema de Bolzano não são necessárias, mas sim suficientes para a existência de um zero da função. No exemplo da figura abaixo, veja que a função é positiva tanto em $a$ quanto em $b,$ mas mesmo assim se anula em dois pontos no interior do intervalo.
Para aplicar esse teorema na tentativa de localizar a solução de uma equação, uma dificuldade pode ser obter um intervalo $[a, b]$ onde $f(a)$ e $f(b)$ têm sinais opostos. Caso não haja uma escolha indicada pela interpretação do problema, resta obter este intervalo por tentativa e erro.
Ainda que o teorema de Bolzano nos permita analisar a existência de solução para uma equação em um intervalo, ele nada nos diz sobre a unicidade dessa solução. Para isso, precisamos de hipóteses mais fortes e de outra aula.
1. Prove que cada equação abaixo tem solução e exiba um intervalo finito contendo pelo menos uma solução da equação.
$\cos\left(\frac{x+2}{x+6}\right)+ \frac{x}{6}=0$
$4\cos(x) - e^{2x} = 0$
$(x+2)^4=e^{-x^2+2}$
$1 - x\ln(x) = 0$
$\frac{x}{2} = \tan(x)$
2. Um valor $p$ tal que $f(p) = p$ é dito um ponto fixo da função $f.$ Mostre que existe ponto fixo para a função $$f(x) = {3 + \sin (2x^2) \over 2 + \cos(x^2)}. $$