- LOCAL: IMECC - UNICAMP (Auditório IM)
- DATAS: 15 e 16 de AGOSTO de 2019
- REALIZAÇÃO: SBMAC, IMECC, CEPID-CeMEAI, PRP, PRPG
- Contato: Prof. Carlile Lavor
- Inscrições
Este evento estará sendo transmitido ao vivo no canal do IMECC no Youtube. |
08h30 | Abertura |
09h00 | Desafios para a Ciência Brasileira no Século XXI Luiz Davidovich (ABC) Inovando na Matemática e suas Aplicações no Brasil César Camacho (FGV) |
10h30 | Coffee-Break |
11h00 | Reflexões de uma Matemática Industrial Claudia Sagastizábal (IMECC - Unicamp) Três temas sobre a (necessária) difusão da excelência: da pesquisa ao ensino básico de Matemática Jorge Lira (UFC) |
12h30 | Almoço |
14h00 | Uma Perspectiva sobre a Formação de Pesquisadores e o Fomento da Pós-Graduação João Azevedo (CNPq) A CAPES e ações voltadas para a formação do cientista do século XXI Sônia Nair Báo (CAPES) |
15h30 | Coffee-Break |
16h00 | Mestres e Doutores do Século XXI Nancy Garcia (IMECC - Unicamp) Ciências Matemáticas na China Yuan Jinyun (UFPR) |
17h30 | Fim do 1º dia |
----------------------------------- Títulos e Resumos ----------------------------------------------------------
Desafios para a Ciência Brasileira no Século XXI
Luiz Davidovich (ABC)
Essa palestra apresentará alguns desafios para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, apontando áreas prioritárias e algumas dificuldades estruturais, com base em documentos recentes da Academia Brasileira de Ciências. Será analisada a situação atual da educação básica e da educação superior no Brasil e ressaltada a necessidade de modernizar as universidades, promovendo a interdisciplinaridade, a criatividade, o empreendedorismo, a flexibilidade curricular e uma carreira docente estimulante, apoiada no mérito acadêmico. Algumas perguntas importantes serão propostas e discutidas:
Como aumentar o impacto internacional da ciência brasileira? Como aumentar a cultura científica da sociedade, esclarecendo-a sobre a natureza da ciência e do método científico, combatendo posturas anti-científicas? Como reforçar a idéia de que ciência e tecnologia são elementos essenciais em uma agenda nacional de desenvolvimento? Quais devem ser os grandes projetos, na área de ciência, tecnologia e inovação, a serem focalizados em uma agenda de desenvolvimento, visando melhorar a qualidade de vida da população e aumentar o protagonismo internacional do país?
Inovando na Matemática e suas Aplicações no Brasil
César Camacho (FGV)
Nesta palestra, o foco será dirigido à iniciativa de implantação na FGV de um centro de excelência em pesquisa básica e aplicada em Matemática, destinado a tratar temas estratégicos importantes para o país. O centro operará em rede com destacados pesquisadores do Brasil e do exterior. O desenvolvimento deste projeto conta com uma governança leve e eficaz, inserida numa instituição privada. Por outro lado, faz parte das metas de auto-sustentabilidade do centro, mediante a solução de questões aplicadas provenientes de demandas da sociedade brasileira. Dentro desta atividade, foram criados programas de formação superior de estudantes de talento provenientes das escolas públicas do país. Esperamos que esse experimento possa contribuir pelo seu exemplo para uma firme postura das nossas instituições em busca de progressos inadiáveis em vários setores da Ciência.
Reflexões de uma Matemática Industrial
Claudia Sagastizábal (IMECC - Unicamp)
Além de serem *fiadoras* de produção de excelência, as instituições de ensino superior têm um rol fundamental na geração de idéias e ações inovadoras que antecipem as necessidades do país, promovendo a criação científica num ambiente de pluralidade. Pela sua essência multidisciplinar, a matemática industrial prospera em âmbitos que estimulam a heterogeneidade de pensamento. Estruturas rígidas de pós-graduação negam um espaço de expressão para essas atividades e confinam aos alunos a uma formação uniforme, que desestimula iniciativas individuais. A mesma rigidez, desta vez nos editais de concursos, dificulta a contratação de especialistas em áreas com caráter interdisciplinar. Sem entrar em tecnicismos, descreveremos "*success* *stories*" para ilustrar o efeito transformador da matemática na indústria da energia. Falaremos também do efeito *bumerangue* dessas parcerias, que acabam enriquecendo de modo surpreendente desenvolvimentos teóricos, que não teriam acontecido sem a colaboração industrial. Esperamos que as nossas reflexões sirvam de plataforma para discutir formas de funcionar adaptadas às novas necessidades da sociedade, incorporando recursos que permitam uma assimilação eficiente e duradoura da "Gestalt" online, sem esquecer premissas de sustentabilidade para o Brasil.
Três temas sobre a (necessária) difusão da excelência: da pesquisa ao ensino básico de Matemática
Jorge Lira (UFC)
Tentaremos entretecer três fios condutores em nossa apresentação: 1-) Um breve retorno ao tema, exposto de modo definitivo por A. Flexner e, mais recentemente, por R. Dijkgraaf, da "usefulness of the useless knowledge", usando como mote o papel central que áreas da Matemática (especialmente, a Geometria) tem desempenhado em pesquisas que renderam alguns Prêmios Nobel recentemente; 2-) Um relato da disseminação da excelência na pesquisa em Matemática no país, por um esforço ousado de internacionalização precoce, contra a tendência centrípeta que ainda concentra os principais grupos de pesquisa no Sudeste; 3-) Enfim, projetos e ideias de tentar difundir a excelência da pesquisa para o ensino básico de Matemática, cujos indicadores são motivo de vexame nacional e sem cuja melhoria dificilmente teremos mais cientistas no século XXI.
Uma Perspectiva sobre a Formação de Pesquisadores e o Fomento da Pós-Graduação
João Azevedo (CNPq)
A presente palestra vai apresentar alguns aspectos que o autor tem observado ao longo de seu trabalho em pesquisa e na formação de novos pesquisadores. A discussão inclui observações bastante pessoais e está, em grande parte, voltada para a pesquisa científica na área de engenharia, que é a comunidade em que o autor transita com maior facilidade. Vai-se discutir o que seriam requisitos importantes para a formação do pesquisador no século XXI e os aspectos onde, provavelmente, poderíamos melhorar nossa atuação sem a necessidade de grandes investimentos neste momento. Aspectos sobre o aprimoramento da pós-graduação também serão discutidos. Finalmente, a palestra vai buscar ainda discutir um pouco a questão do fomento da nossa pós-graduação no futuro próximo em nosso país.
A CAPES e ações voltadas para a formação do cientista do século XXI
Sônia Nair Báo (CAPES)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação do MEC, tem sido decisiva para os êxitos alcançados pelo Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), tanto no que diz respeito à consolidação do quadro atual, como na construção das mudanças que o avanço do conhecimento e as demandas da sociedade exigem. Além de ser responsável pela implementação e acompanhamento das metas do SNPG, a agência busca a formulação de políticas e atividades de suporte à formação de professores para a educação básica e superior assim como para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do País. Considerando o crescimento do SNPG na última década, o qual dobrou de tamanho, a CAPES está atuando no aprimoramento do acompanhamento desse sistema e mantendo o foco na qualidade. Nesta linha, busca-se a modernização dos programas de pós-graduação stricto sensu para a formação de recursos humanos cada vez mais qualificados, juntamente com produção de conhecimento de impacto e inovador e que possa ser transferido e incorporado no desenvolvimento econômico e da sociedade. O cientista do século XXI demanda uma formação sólida, com visão e ações empreendedoras e inovadoras. Este é o caminho que a pós-graduação brasileira precisa incorporar.
Mestres e Doutores do Século XXI
Nancy Garcia (IMECC - Unicamp)
Quais são as competências necessárias para os pós-graduandos neste novo paradigma de um mundo globalizado? Deve-se pensar na formação dos alunos para um mercado global, além da academia? Qual deve ser o diferencial entre mestrados e doutorados acadêmicos e profissionais? Como os conceitos de ciência aberta e interdisciplinaridade devem ser incluídos na formação dos alunos?
Ciências Matemáticas na China
Yuan Jinyun (UFPR)
Nessa palestra, explicarei os motivos do desenvolvimento científico e tecnológico na China, divididos em três partes: visão governamental sobre a ciência, especialmente matemática; visão da indústria chinesa sobre a importância da pesquisa e desenvolvimento da matemática; finalmente, falaremos da fundação nacional sobre o investimento na ciência.
Disruptive trends in science and mathematics teaching and research at US universities
Phil Duxbury (Michigan State Univ.)
The most important disruptive trend in academia is that the rate of change in teaching methods and research directions is now very fast. The disruptive potential of online learning has not been fully realized yet, but rapid progress is artificial intelligence, active learning, and evidence based practice is changing the expectations that students have about their learning environments; and changing where they enrol. US state, federal and private sector funding emphasizes interdisciplinary research particularly in the biological and computational sciences; where insights from the physical and mathematical sciences are essential to progress. High priorities in hiring faculty and in training students are adaptability; the ability to work in teams; and the ability to apply disciplinary knowledge across boundaries. Many of the complex problems facing society require new science discoveries and innovation; which can only be achieved by teams with the right combination of expertise; and by including he private sector. The NSF calls this type of research "convergent research"; and similar concepts have been articulated for some time as "the fourth industrial revolution". The NIH is challenged by the lack of reproducibility of biological science, requiring closer collaborations with the physical and mathematical sciences. I will talk about these and other issues in the context of my university, which is a large public university in the US midwest.
Combater o Obscurantismo: o papel dos(as) cientistas no século XXI
Nelson Maculan (UFRJ)
Há alguns anos não poderíamos prever que o obscurantismo pudesse estar tão presente no dia-a-dia e até mesmo nos meios acadêmicos. Ideologias racistas, homofóbicas, sexicistas, preconceituosas, machistas, antidemocráticas são explicitadas em alta voz e sem nenhum constrangimento. Uma anticiência tem tomado uma grande importância nos discursos de líderes políticos e religiosos. O ensino de uma “filosofia” por falsos filósofos, utilizando a internet, tenta desmoralizar todo o pensamento científico. Assim, mais pessoas nos perguntam se a Terra é mesmo redonda ou se o homem, realmente, pisou na Lua em 1969. Como nós, educadores(as) e orientadores(as), poderemos combater, com base científica, essas crenças enganosas?
Financiamento público e privado da pesquisa científica: uma complementaridade produtiva
Hugo Aguilaniu (Serrapilheira)
O papel dos cientistas brasileiros no século XXI não é um tema de fácil discussão. Apesar do momento conturbado que o país vive atualmente, acreditamos que os meios para se construir em longo prazo uma ciência de qualidade permanecem os mesmos, e um deles é a promoção da diversidade na ciência. Nesse contexto, o Instituto Serrapilheira oferece um financiamento à pesquisa e divulgação científica que é complementar ao investimento público. Financiamos projetos científicos audaciosos, inovadores, com potencial para grandes transformações e que são, portanto, arriscados. Os pesquisadores que apoiamos são totalmente responsáveis pela gestão de seus projetos e têm completa liberdade para investirem os recursos da forma que julgarem mais benéfica para suas pesquisas. Além disso, o instituto vai lançar, em breve, um novo programa: a "Formação Internacional em Biologia". Jovens mestres com potencial para a pesquisa transdisciplinar de excelência vão participar de um treinamento intensivo com pesquisadores de referência internacional e, em seguida, cursar o doutorado em laboratórios do mundo todo. Finalmente, apostamos em novas abordagens para a divulgação científica que a partir de diferentes linguagens, dialoguem com públicos jovens para despertar neles o interesse pela ciência.
Dois desafios para cientistas no século XXI no Brasil: colaboração e apoio institucional
Carlos H. Brito Cruz (FAPESP)
A busca por mais impacto científico, social e econômico para os resultados da ciência financiada pelo contribuinte no Brasil requer mais colaboração, incluindo-se facilidades para dar acesso aberto a dados e resultados, e muito mais e melhor apoio institucional ao pesquisador. A dimensão colaboração pode assumir diferentes formas: colaborar com colegas para obter mais excelência e impacto científico, colaborar com empresas ou governo, ou os dois, para escolher temas de pesquisa com impacto social e econômico, colaborar nacional e internacionalmente para obter visibilidade que atraia excelentes estudantes e pós-doutores. Pelo menos dois obstáculos intrínsecos afetam a intensidade de colaboração da ciência no Brasil: idioma e geografia, o que requer esforço aumentado e mais efetivo para obter resultados que para alguns competidores são mais facilmente alcançáveis. A dimensão "apoio institucional" é aparente como um limitador para a excelência que se pode obter no país. Apoio institucional abrange, por exemplo, a busca e atração dos melhores alunos que se possa obter, a garantia de infraestrutura excelente, o pessoal essencial para gerir um projeto sem onerar o tempo do pesquisador, o qual deveria estar, de forma máxima, dedicado ao ensino e à pesquisa.
Open Science and Research Data Management – Challenges and Perspectives
Claudia Medeiros (IC - Unicamp)
The term “Open Science” regards the wide dissemination of all material associated with scientific discovery, thereby contributing to the advancement of science. Examples of such material include, for instance, specifications of experiments and equipment, documents, methods, algorithms, or all kinds of data – in particular digital data. Data, here, should be considered in a broader context, including a wide variety of digital content, such as code, models, video, sound, spreadsheets, executable workflows. The adequate sharing of such data has become a key issue in the Open Science movement, and is now considered part of good scientific practices. Data sharing demands appropriate planning of the data lifecycle – from data collection to storage and preservation.This, in turn, poses many scientific challenges – for computer scientists, but also for the scientists whose data have to be managed. Here, data volume is just one issue to be tackled; data heterogeneity, quality and curation, preservation and retrieval are also of foremost importance, thus opening new research fronts for data scientists. This lecture will discuss some of the challenges in Research Data Management, in particular those posed by the Open Science movement, which require that data be shareable and accessible, while at the same time preserving integrity and privacy.
As Ciências Matemáticas: contribuição para o desenvolvimento tecnológico
José Cuminato (USP)
Nesta apresentação, pretendemos discutir evidências e estratégias da contribuição das Ciências Matemáticas para o desenvolvimento tecnológico. Pretendemos ainda apresentar evidências certificadas de como alguns países organizam essa contribuição de forma a gerar riqueza e como mensurá-la. As universidades e, principalmente, os programas de pós-graduação são atores fundamentais nessa transação. No Brasil, os programas de pós-graduação, as agências de financiamento e as universidades precisam adaptar seus procedimentos para incentivar a interdisciplinaridade e o fortalecimento de novas areás, como Ciência de Dados.
The Brazilian initiative on precision medicine: working towards implementing a new paradigm in clinical practice
Iscia Lopes-Cendes (FCM - Unicamp)
Genomic medicine (GM) combines molecular and clinical information to improve healthcare delivery. As GM uses individualized information from the patient, such as genomic signatures and medical history, it allows for more accurate diagnoses and treatment options. Thus, representing a significant improvement over the current paradigm, in which physicians prescribe treatments designed for the average patient. However, we cannot implement GM without an understanding of the contribution of human genomic diversity to health and disease. Because genetic variants may have different downstream implications depending on the genetic background of the population, the development of strategies for GM requires detailed knowledge of the genetic background of the community where it will be applied. To address the issue mentioned above, a coalition of five Research, Dissemination and Innovation Centers (RDICs), supported by the São Paulo Research Foundation (www.FAPESP.org), created the Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed; http://www.bipmed.org) in November 2015. Its main objective is to help implement precision medicine in Brazil by acting as a catalytic element to foster collaboration among different stakeholders, including physicians, scientists, health authorities, policymakers and society. Through this network, clinicians will have access to better information for risk assessment, prevention and the delivery of optimized treatment. In addition to its local importance for the full implementation of GM in Brazil, we expect that BIPMed may pave the way to similar initiatives in Latin America and worldwide.
Como a Matemática e a Inteligência Artificial se influenciam mutuamente
Walter Carnielli (CLE -Unicamp)
Se bem que ninguém duvida da influência da matemática nos fundamentos da Inteligência Artificial, não está claro qual e quanta matemática entra nessa receita. A recíproca contudo, é não só verdadeira como surpreendente. Pretendo discutir pontos a respeito da influência e contribuição da Inteligência Artificial para a matemática e os desafios que o cientista do século XXI pode esperar. A ideia de fazer matemática em um programa como Coq não é nova, e já podemos suspeitar que os computadores possam algum dia propor e provar seus próprios teoremas. Conseguiremos compreendê-los? Isso pode levar à mudança nos paradigmas e fundamentos da matemática, como nos alertam as provas do Teorema das Quatro Cores e a prova formal da Conjectura das Balas de Canhão de Kepler.
Vladimir Voevodsky, do Instituto para Estudos Avançados de Princeton (Medalha Fields, 2002, falecido em 2017), já via a matemática eletrônica como uma necessidade em uma época em que algumas provas se tornaram complexas demais para serem comprovadas por leitores humanos. Timothy Gowers, da Universidade de Cambridge (Medalha Fields, 1998), espera que a colaboração com um grande “banco de dados semi-inteligente” alivie parte do trabalho penoso da pesquisa matemática. A comunidade científica brasileira, e em especial a comunidade matemática, não pode se dar ao luxo de não levar em conta a revolução matemática do século XXI, que nem bem ainda começou.