Durante a pandemia COVID-19 o que mais podemos fazer para ajudar é ficar em casa, quando e se possível. Sei que isto não é possível para todos. Também sei que, mesmo para aqueles que podem, ficar em casa não é fácil. Então, quando falo sobre ensino remoto nesta época não é para defender que as aulas sigam como se tudo estivesse normal e apenas a sala de aula estivesse interditada. Mas sim porque acredito que participar de uma aula pode ser uma válvula de escape para as tensões a que todos estamos submetidos. O objetivo não é cumprir ementa, mas tão somente manter um diálogo com nossos alunos, usando nossa disciplina como o primeiro assunto que nos une, mas nos permitindo outros. Dito isso, vamos ao que aprendi nesse tempo de tentativas intensas.

Da comunicação com a turma

Este ponto não trouxe muita dificuldade para mim. Eu já tinha o hábito de utilizar o Google Sala de Aula para me comunicar com as turmas em outros semestres. Acho que é uma ferramenta simples, mas eficaz. Tem o visual de blog, em que posts mais recentes vão aparecendo sempre no topo.

Como o Google Sala de Aula está disponível em aplicativos para celulares, os alunos que o tenham instalados são notificados imediatamente de postagens. Para os demais, é necessário entrar na área da turma, como acontece com outras ferramentas.

Dou preferência a manter a conversa com alunos através do Google Sala de Aula, em detrimento do e-mail, pois assim, a dúvida respondida a um fica pública aos outros.

Das primeiras tentativas para gravar vídeos

Antes de tudo isso começar, eu já pensava em preparar vídeos curtos que pudessem servir de apoio aos materiais didáticos mais convencionais que tenho. Na perspectiva de pequenos ganhos incrementais, um passinho além da aula presencial seria gravar pedaços estanques de aulas. Porém, não tenho um estúdio em casa, nem lousa.

Minha alternativa foi usar a câmera do celular para filmar, de cima, uma folha de papel, onde eu escreveria, como se estivesse escrevendo em uma lousa. Para posicionar a câmera, criei um pequeno suporte para fixar o celular na altura certa para filmar uma folha A4.

Suporte de madeira


A primeira dificuldade surgiu logo que comecei. Quando colocamos a câmera do celular para gravar e começamos a escrever na folha, o ajuste automático da câmera faz com que o foco fique sendo alterado a cada movimento da mão. O resultado é imprestável. A solução é instalar um aplicativo de câmera mais configurável, que permita travar o foco antes do início da gravação. Estou usando o aplicativo Open Camera, que é software livre e funciona muito bem.

Outra coisa que também descobri logo no primeiro vídeo é que escrever tudo, no momento da gravação, como faríamos em lousa, deixa o vídeo lento demais. A segunda tentativa foi melhor. O vídeo começa com a folha já com material escrito (ou impresso) e eu escrevo sobre ela.

Um problema técnico foi que várias vezes, no meio do vídeo, eu errava algo ou não gostava do resultado e queria recomeçar, mas minha folha já estava toda rabiscada. Sendo da geração que sou, a solução foi simples. Ao invés de escrever sobre a folha pré-preparada, escrevi por sobre uma transparência, que pode ser apagada em caso de necessidade. Um vídeo desses está abaixo. Dá para perceber que a iluminação e o som não ficaram muito bons. Para a iluminação, tentei ambientes naturalmente mais claros, como no segundo vídeo.


Das aulas ao vivo

Com a interrupção das aulas presenciais, para manter o contato com os alunos, comecei a experimentar seções de aulas ao vivo. No pacote de ferramentas do Google que a Unicamp assina está o Google Hangout Meet . Com um tutorial rápido que o pessoal do EA2 da Unicamp preparou, decidi utilizá-lo.

Gostei da dinâmica das aulas ao vivo. Entro na sala virtual uns 10 minutos antes do início da aula e já compartilho um slide de instruções. Também deixo alguma música tocando.

Regras para participação


O Google Meet permite gravar a videoconferência. Após a aula, compartilho o vídeo com a turma. Esse é um recurso legal para quem não conseguiu acompanhar a aula. Existem alternativas, como o Zoom e o Jitsi Meet. O Zoom, na versão gratuita, limita as videoconferências a 40 minutos e recentemente teve questões de segurança levantadas. O Jitsi Meet é software livre (ponto positivo!) e pode ser usado sem restrição, sem necessidade de registro ou de criação de contas, mas limita o número de participantes em 75 por sala. Tenho usado o Jitsi Meet em um curso com 280 alunos distribuídos em mais de 100 cidades e organizados em 16 turmas, e os resultados são bons (veja o relato dessa experiência aqui). Para a escala das minhas aulas de graduação, por enquanto estou confortável com o Google Meet.

Nas aulas, uso como base slides que eu já preparara antes como forma de organizar minhas notas de aula. Eles foram montados para serem a versão digital da minha lousa e agora têm se mostrado úteis nessas aulas online.

A exibição dos slides é compartilhada pelo Google Meet, mas não em fullscreen. Durante a aula, a webcam segue me filmando e transmitindo essa imagem, o que ajuda a se aproximar um pouco da experiência presencial. Fico com o chat do Google Meet aberto e se alguém se manifesta por lá, interrompo a aula e concedo a palavra ao aluno, que pode abrir seu microfone e fazer perguntas ou comentar algo. Tem funcionado bem assim.

Ao lado do laptop que uso, deixo o meu suporte montado, com um folha em branco a postos, e canetinha de ponta grossa. Filmando isto de cima, uma webcam (ou celular com o aplicativo IP Webcam). Se eu precisar escrever algo de improviso, para por exemplo tirar uma dúvida ou fazer um exemplo, compartilho a imagem da webcam e escrevo na folha, ao vivo. Esse setup ficou melhor que ter uma lousa na parede pois, como estou próximo do laptop, o som captado continua de boa qualidade. Uma versão mais tecno disso seria uma mesa digitalizadora, mas confesso que estou bem contente com minha solução caseira.

Atualização – 2S/2020

Com o início do segundo semestre de 2020, algumas coisas mudaram na forma como lido com as aulas ao vivo. Não quis alterar o relato acima, pois ele foi verdadeiro e faz parte da história. No final desta página, relato o que mudei na forma como lido com as aulas síncronas.

Dos novos vídeos

Com a experiência das aulas ao vivo, resolvi gravar vídeos em que uso os slides (digitais) como base e gravo minha locução, sobre eles. Para isso, uso o programa livre OBS Studio (veja figura abaixo). Para um leigo como eu, este programa parece coisa de profissional. Permite gravar uma tela em particular do computador (a janela onde esta acontecendo a apresentação dos slides), junto com um canal de som com filtros para tirar ruídos de ambiente (que entendi e aprendi a configurar com a a ajuda deste vídeo), deixando o som bem mais limpo (as configurações dos filtros estão nas figuras abaixo). Também dá para trocar entre a janela dos slides e a imagem da webcam, como se fossem cortes de câmera. Tudo isso é simples, depois de um tutorial de uns 10 minutos (talvez 15min). O vídeo gerado pelo OBS é bem compacto em termos de tamanho.

Se durante a gravação do vídeo, eu erro alguma coisa, tudo bem, sigo o vídeo e depois corto esse pedaço, na etapa seguinte.

OBS
Tela do OBS em modo de gravação.
Filtros OBS
Configuração do filtro de supressão de ruído ambiente.
Filtros OBS
Configuração do filtro para abertura e fechamento de entrada de áudio, dependendo do nível do som.

Por fim, estava utilizando o editor de vídeo OpenShot para colocar uma vinheta e, eventualmente, cortar algum pedaço do vídeo que não ficou bom durante a gravação. A escolha por esse programa foi porque ele me pareceu mais simples para começar. Porém, depois de usá-lo algumas vezes, não o achei muito estável. Mais de uma vez ele fechou inesperadamente, forçando-me a recomeçar.

Troquei para o KDEnLive (agradeço a Leo Barichello pela sugestão). Esse programa é mais completo, mais versátil e mais complicado. Se não fosse pela necessidade... Mas confesso, que agora que já venci a barreira inicial, ele é bem melhor mesmo que o Open Shot e o processo de edição ficou mais rápido e preciso. Os pouco recursos que uso são: cortes no vídeo, fade out (para reduzir o som ao final da vinheta), fade to black (para escurecer o vídeo no final), mute (para silenciar o caminhão do gás ou o cachorro da vizinha).

KDEnLive
Editor de vídeo KDEnLive.

Descobri, ou melhor dizendo, tomei ciência, que vídeos onde o interlocutor aparece, em comparação com vídeos onde há apenas a narração, prendem mais a atenção. Sendo assim, estou agora aparecendo no canto da tela, conversando com os alunos.

O resultado, eu disponibilizo em um canal que criei no Youtube. Abaixo está um vídeo gravado desta forma.


Sempre que crio um novo vídeo, acrescento no ponto adequado em minhas notas de aula o link para o vídeo, pois as notas de aula ainda são a fio condutor que dá coerência a todo material.

Do que posso melhorar

Há muito o que melhorar, óbvio. Mas o que me incomodou nos vídeos que gravei no começo foi a qualidade da iluminação e do som captado pelo celular.

Para a iluminação, já testei colocar um abajur iluminando próximo sem muito sucesso. Vou construir um suporte para uma lâmpada de LED com algum material a frente para deixar a luz mais difusa. Quando estiver pronto, mostro por aqui. Por enquanto, iluminação natural é o melhor que posso fazer. Enquanto durarem os dias de sol e eu puder gravar de manhã, vou levando.

Para o som já tentei usar um microfone no celular, mas não melhorou muito a qualidade do áudio captado. Esse problema é grave quando quero filmar com o celular, como nos vídeos iniciais que criei ou quando intercalo gravação do OBS com gravação do celular, para colocar tomadas em que escrevo no papel. Uma alternativa que ficou melhor foi filmar com o celular e, em simultâneo, captar o som com o OBS. Depois, no Kdenlive mantenho o vídeo do celular, mas com o som do OBS. Como, não apareço na gravação nessas tomadas de escrita em papel, não há a necessidade de extrema precisão na sincronização do som. Um vídeo que usou está estratégio está abaixo. Perceba que o som ficou bem superior aos gravados inicialmente.


Outro ponto que me incomoda é não conseguir interagir muito com o PDF que uso de base para o vídeo. Gostaria de poder desenhar sobre ele. A melhor opção até agora é o Xournal (obrigado Samuel, pela dica) e o Xournal++, mas sem uma caneta e uma tela touch, o resultado ainda não é o que eu gostaria. Como não tenho nenhum nem outro, sigo na busca de uma solução viável, que não envolva aquisições mais caras.

Vídeos não são aulas

Apesar de ter gostado, no geral, do resultado dos vídeos, sei que eles, por si só, não são aulas. Em uma sala de aula a exposição é apenas uma fração das atividades. Existem perguntas que abrem a reflexão, discussão, exercícios e mais discussão. Não estou convencido de que o modelo de ensino remoto forneça tudo isso. Dito isto, quero tentar tirar o melhor que puder, dentro de meus limites.

Novamente foi o Leo que sugeriu dar uma olhada na biblioteca H5P para adicionar algum nível de interação durante os vídeos. Olhei, mas confesso que não me empolguei muito. Já a sugestão de montar aulas virtuais no ambiente do TED-Ed pareceu-me bem interessante.

O TED-Ed é uma plataforma web para criar e compartilhar aulas. Toda aula começa com um vídeo, em geral uma animação de excelente qualidade. Após o vídeo, algumas questões são colocadas para que o aluno perceba se prestou atenção a pontos chave do vídeo. Na sequência há material para aprofundar o conteúdo do vídeo e espaço para discussão.

TED1
Uma aula no TED-Ed.
TED2
Perguntas após o vídeo, no TED-Ed.

Qualquer um pode criar uma aula e compartilha-la no site do TED-Ed. Comecei a fazer isso e logo percebi alguns incovenientes em meu caso. No TED-Ed, até onde percebi, não há o conceito de um curso, mas apenas de aulas estanques. Além disso a interface é toda inglês, o que fica meio esquisito para compartilhar conteúdo em português.

Resolvi criar um site próprio, inspirado no TED-Ed, para organizar todo os vídeos, em aulas, mas de forma coerente a compor um curso. Criei um template com Bootstrap e comecei a montar aulas, baseadas nos vídeo que já vinha produzindo. Este esforço está em andamento, longe de ser concluído. O vídeo abaixo mostra a cara de uma aula nesse novo conceito. Esse piloto de curso on line pode ser visto aqui.


Uma coisa interessante que descobri foi a biblioteca JavaScript MathJax que permite escrever em LaTeX diretamente no código HTML, como por exemplo $$ \|\phi-y\|^2 = \sum_{i=1}^m (\phi(x_i)-y_i)^2. $$ Assim, posso aproveitar exercícios que tenho em listas já preparadas e incluí-los diretamente na página da aula.

Como disse, esse esforço está só no princípio, mas acho que será importante para organizar meu curso de Cálculo Numérico para a situação de um semestre completo à distância. Mesmo quando pudermos voltar ao convívio social próximo, essa iniciativa deve servir de apoio a cursos presenciais regulares.

Do engajamento nas atividades não presenciais

Não é fácil manter os alunos engajados nesse esquema de atividades não presenciais. Não seria fácil em tempos normais, que dirá agora com o vírus flanando por aí, sem ser visto.

Tento tomar o cuidado de anunciar qual será o assunto da aula seguinte e onde este assunto está nas notas de aula. Assim, os alunos têm a chance de ler sobre o que será abordado com antecedência.

A dinâmica de aulas ao vivo, ao invés de vídeos gravados, parece-me mais interessante e próxima da aula presencial. Com o recurso de gravação da aula, ela também atende a quem prefere (ou precisa) assistir a aula depois, em seu tempo.

Uma adequação que fiz, foi no volume de conteúdo. Não consigo apresentar em videoconferência a mesma quantidade de conteúdo que seria passada em uma aula presencial. O conteúdo fica mais diluído, e tento dar mais tempo para que haja discussão.

Para gerar algum movimento por parte do aluno, que é difícil de quantificar à distância, estou colocando um exercício por semana para ser entregue através do Google Sala de Aula. Os alunos têm dois dias para fazer o exercício e postar a resolução, escrita a mão. Os exercícios não são particularmente desafiadores, mas servem para marcar algum compasso. Isso tem funcionado bem, até agora.

De um semestre remoto desde o início

Vencido o 1S/2020, que pegou a todos de surpresa, chego ao segundo semestre que, contra previsões iniciais, ainda será remoto. A experiência adquirida e o aprendizado do primeiro semestre permite planejar o curso de forma mais acertiva.

Algumas práticas, que aprendi por experiência própria e pela troca de informação com colegas, que pretendo adotar são:

  • Tornar público aos alunos a programação de todas as aulas do curso a priori, para que eles entendam em que ponto estamos e o que falta fazer. Nada além de bom senso aqui.
  • Preencher o ambiente remoto (Google Sala de Aula, em meu caso) com toda a informação e material para o semestre. Já coloquei os links para todos os materiais com a indicação de como devem ser usados. Não é apenas uma questão de deixar a lista de exercícios disponível para download, mas sim de organizar tudo o que estiver disponível de forma que o aluno saiba como usar o material, de maneira autônoma.
  • Avaliação continuada para marcar o ritmo do curso. Ao invés de duas provas tradicionais, como aconteceria no curso presencial. Aplicarei vários pequenos testes com duas ou três questões sobre um único tópico, durante todo o curso. Serão pelo menos 8 testes destes. Cada teste poderá ser feito com consulta a todo o material disponível e terá prazo de alguns dias para entrega. Esse prazo dilatado permite cobrar questões que seriam impensáveis em uma prova tradicional. Mas será que os alunos não vão conversar entre si sobre os testes? Certamente! Acho ótimo que o façam. A discussão leva ao aprendizado, que é o único objetivo aqui. Porém a troca de duas provas por vários testes reduz o estresse da avaliação "decisiva" e, conjecturo, reduz o impeto de se valer de subterfúgios para aprovação. Fiz isto no 1S/2020 e acho que funcionou muito bem. Também tem a vantagem adicional de imprimir um ritmo de estudos evitando as horas concentradas à base de café na noite anterior à prova.
  • Exigir compromisso com um código de ética no início do semestre. Estudos mostram que pedir que o aluno se comprometa com um código de ética realmente impacta positivamente a atitude dele. Ao final de cada atividade avaliativa, o aluno deve acrescentar a seguinte frase:

Eu, Fulano de Tal, compreendo que enviar uma atividade que não seja minha pode resultar na reprovação imediata nesta disciplina, além de demais medidas previstas no regimento geral da gradução da Unicamp.

Minha intenção é usar meu protótipo de curso online como material de preparação para as aulas síncronas. Com a programação das aulas disponível, vou sempre indicar que o aluno "faça" a aula on line antes, de modo que possamos aproveitar o momento da aula síncrona para aprofundar pontos onde haja mais dificuldades, para resolver mais exercícios e para discutir.

Por enquanto o plano é esse (ou era até o semestre de fato começar).

Das aulas ao vivo – Parte II

Logo no início do segundo semestre letivo de 2020 na Unicamp (meados de setembro), a Google anunciou que iria rever sua política de acesso ao Google Meet. Isso me colocou de sobreaviso, uma vez que todo o planejamento das aulas síncronas estava baseado nessa ferramenta.

Percebe o perigo de se apoiar em uma ferramenta fechada, cuja política de acesso e uso é guiada por interesses comerciais? Nesse cenário, ferramentas livres como o Jitsi Meet sobem muito em consideração!

A experiência do primeiro semestre de 2020 me mostrou que os alunos não interagem por vídeo durante as aulas, mas apenas pelo chat e, as vezes, por voz. Isso abriu o espectro de ferramentas que eu poderia considerar. Uma condicionante à solução buscada é que minha turma tem mais de 120 alunos. Decidi transmitir meu vídeo através do Youtube, ao vivo. Restava decidir como os alunos que estivessem assistindo interagiriam comigo. Eu não queria usar o chat do próprio Youtube. Achei que os alunos poderiam ficar constrangidos de postar suas dúvidas lá e ficarem expostos demais. Como eu precisava de um canal para troca de mensagens por texto e voz a solução mais simples foi criar um grupo no Whatsapp para todos os membros da turma.

Para gerar o vídeo que seria transmitido pelo Youtube há algumas possibilidades. A mais simples seria usar o ConferênciaWeb, uma ferramenta para videoconferência, desenvolvida pela RNP e disponível para todos os docentes e pesquisadores de instutuições públicas, ou ainda o próprio Jitsi Meet. Ambos podem transmitir ao Youtube o conteúdo da videoconferência, em tempo real. Bastava então abrir uma sala de videoconferência apenas comigo e ligar a transmissão.

Outra opção para transmissão é usar diretamente o OBS. Isso é ligeiramente mais complicado de configurar, em comparação com o ConferênciaWeb ou Jitsi, mas eu já tinha algum domínio, por conta da gravação dos vídeos. Optei por essa solução.

Como o OBS permite montar várias cenas (composições para exibição), eu tenho 4 cenas montadas para usar durate a aula. São elas: uma cena contendo apenas a imagem da minha webcam, que uso para conversar com os alunos; uma cena contendo apenas a janela do visualizador de PDF, onde apresento slides preparados com conteúdo da aula; uma cena contendo o visualizador de PDF, sobreposto com as mensagens do whatsapp, que uso para exibir uma pergunta ou comentário enviado pelos alunos; e por fim, uma cena onde exibo apenas a janela de comandos do Octave, software de computação numérica onde realizo a parte prática da disciplina. A troca entre cenas é imediata e fluida no OBS, muito mais ágil e rápida que no Google Meet, por exemplo. No vídeo a seguir coloquei dois trechos de uma aula neste formato para exemplificar como são feitas essas trocas de cenas e a interação com os alunos.


Perguntei aos alunos o que eles achavam de assistir às aulas através do Youtube, com a interação via Whatsapp. Eles foram reticentes no início. Após a primeira aula nesse formato todos os comentários que recebi foram muito positivos. Reproduzo alguns.

Eu tinha acostumado com o meets mas confesso que gostei mais do yt, acho q fica mais fluido, n tem problema c abrir o áudio/video sem querer etc, top
o youtube trava menos, gostei
Gostei bastante do modelo no Youtube também
achei melhor assistir a aula no youtube!

O bom desta solução é que não depende de nenhuma ferramenta restrita. O Youtube é livre para quem quiser transmitir. O OBS ou Jitsi são livres e geram transmissões de qualidade para o Youtube. E o Whatsapp não carece de comentários. Essa solução pode ser utilizada por qualquer um, independentemente do número de alunos. Na minha primeira aula tive mais de 110 alunos assistindo em simultâneo e interagindo. Outra vantagem é que, tão logo a aula é encerrada, no mesmo link da aula já fica disponível a gravação, para quem não pôde participar ao vivo.

Vale destacar que para que tudo isso funcione é necessário um computador razoável (o meu é isso mesmo, razoável, nem bom, nem ruim) e uma conexão de internet boa e estável.