Grace Murray

"The Amazing Grace"

The Amazing Grace: Pioneira e conhecida por suas grandes contribuições à programação de computadores, desenvolvimento de softwares e design e implementação de linguagens de progamação, nossa mulher matemática de hoje é Grace Murray, independente e inovadora, que desfrutou de uma promissora carreira na Marinha Americana (EUA) e na indústria computacional. 

Quem foi Grace Murray?

Grace Brewster Murray Hopper nasceu em 1906 em Nova York, nos EUA. Era a mais velha de três irmãos, filha de Walter Fletcher Murray e Mary Campbell Van Horne.

Em sua infância, Grace sempre foi muito curiosa, e isto perdurou durante toda sua vida. 

Na vida acadêmica, formou-se em Matemática e Física em 1928 no Vassar College, terminando em Yale seu mestrado em matemática em 1930, e doutorado em Matemática em 1934.

Após o bombardeio de Pearl Harbor e a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, Grace decide ingressar no serviço militar, sendo logo de cara recusada, devido à sua idade e estatura (na época tinha 34 anos). Mas persistente como era, Grace não desiste até que consegue ingressar na Reserva Naval dos EUA (Reserva das Mulheres). 

Em dezembro de 1943, Grace entra de licença na Universidade em que lecionava e vai completar sessenta dias de treinamento intensivo na Escola de Midshipmen para mulheres no Smith College, em Massachussets, onde se forma como primeira da turma.

Na matemática e engenharia...

Após tornar-se tenente junior, Grace é designada para o Projeto de Computação do Bureau of Ships da Harvard University. Lá, trabalhou ao lado de uma equipe na IBM Automatic Sequence Controlled Calculator, mais conhecida como Mark I, o primeiro computador eletromecânico dos Estados Unidos.

Sob a orientação de Howard Aiken, que desenvolveu o Mark I, Grace e seus colegas trabalharam em cálculos ultra-secretos essenciais para o esforço de guerra – computavam trajetórias de foguetes, criavam tabelas de alcance para as novas armas antiaéreas e calibravam caçadores de minas.

Sendo uma  dos três primeiros “codificadores”, que hoje chamamos de programadores, Grace também escreveu o manual do usuário do Mark I, que contava com 561 páginas. 

Terminada a Segunda Guerra, Hopper recusou um posto de professora em Vassar para continuar se dedicando aos computadores. Em 1946, deixa o serviço ativo quando a Marinha recusa seu pedido de comissão regular, devido novamente à sua idade, mas permanece reservista naval. Grace continuou trabalhando nos computadores Mark II e Mark III de 1946 a 1949, sob contratos com a Marinha, mas deixa Harvard ao final de seu mandato de 3 anos como pesquisadora, uma vez que posições permanentes não eram concedidas a mulheres (absurdo?). 

Grace Hopper em uma sala de computador em Washington, D.C., 1978, foto por Lynn Gilbert.

Continuando sua Carreira,em 1949, Hopper ingressa na Eckert Mauchly Computer Corporation na Filadélfia como matemática sênior. A empresa logo é adquirida por Remington Rand e depois por Sperry Rand, e constrói  o primeiro computador eletrônico (ENIAC) sob contratos com o Exército Americano. 

Já no início dos anos 50, a empresa estava desenvolvendo o Universal Automatic Computer (UNIVAC I), que seria o primeiro computador comercial. Enquanto trabalhava no UNIVAC I e II, Grace foi pioneira na ideia de programação automática e explorou novas maneiras de usar o computador para codificar. Então, em 1952, criou o  primeiro compilador, chamado A-0, que traduzia o código matemático em código legível pela máquina – esse foi um grande passo na criação de linguagens de programação moderna.

Grace Hopper no console do UNIVAC I, em 1960.

Então, em 1953, Grace propôs que os programas passassem a ser escritos em palavras, e não apenas em símbolos, mas disseram-lhe que sua ideia não funcionaria. De qualquer modo,ela continuou trabalhando em seu compilador no idioma inglês até que em 1956 sua equipe estava executando o FLOW-MATIC, a primeira linguagem de programação a usar comandos de palavras (então sempre que for usar o Python, C, etc, lembre-se que por trás da criação dessas linguagens, está nossa querida Grace). 

Diferente do FORTRAN ou MATH-MATIC, que utilizava símbolos matemáticos, a linguagem criada por Grace usava palavras em inglês para o processamento de dados. Ela também demonstrou como os programas poderiam ser escritos em idiomas, baseados em palavras, que não fossem o inglês. 

O projeto de Grace de criar linguagens baseadas em palavras, trouxe uma expansão da comunidade de usuários de computador. Aliado a isso, tornou os computadores mais acessíveis às pessoas sem formação em engenharia e matemática, o que era muito importante no momento em que as empresas de computadores estavam comercializando seus produtos para o setor privado. Em uma entrevista em 1980, Grace comenta: “O que eu estava procurando no início da programação em inglês era trazer outro grupo inteiro de pessoas capazes de usar o computador com facilidade… Continuei pedindo por idiomas mais fáceis de usar. A maioria das coisas que recebemos de acadêmicos, do pessoal da ciência da computação, não é de forma alguma adaptada às pessoas.  

A medida que o número de linguagens de computador aumentava, também aumentava a necessidade de uma linguagem comercial que fosse padronizada. Em 1959, Grace participou da Conferêncaa sobre Linguagens de Sistemas de Dados (CODASYL) que tinha como objetivo desenvolver uma linguagem comercial pudesse ser usada em diversos setores. E o produto final foi a COBOL abreviação de “linguagem comum de negócios”, que foi a primeira linguagem de programação de computadores de alto nível, usada até hoje.  Embora diversas pessoas tenham contribuído para a COBOL Grace é reconhecida por seu trabalho projetando e desenvolvendo compiladores para o projeto. Na década de 70, era linguagem de computador mais usada no mundo. 

Chamada de “Amazing Grace” por seus subordinados, ela permaneceu em funções ativas na marinha até que se aposentou como contra-almirante, aos 79 anos – a oficial de serviço mais antiga das forças armadas dos EUA. No mesmo ano, Grace foi trabalhar como consultora sênior de relações públicas na Digital Equipament Corporation, onde trabalhou até sua morte em 1992. 

Em sua vida militar, recebeu mais de quarenta diplomas honorários de diversas Universidades ao redor do mundo e muitas bolsas de estudo, além de ter prêmios e conferências nomeadas em sua homenagem. Felizmente, como certa exceção da maioria de mulheres matemáticas, inventoras e gênias, Grace pode ser prestigiada e homenageada ainda em vida. Em 1991, recebeu a Medalha Nacional de Tecnologia e além de todas as suas premiações e todas as suas conquistas pioneiras como mulher cientista, em 2016, Hopper recebeu postumamente a Medalha Presidencial de Liberdade, a maior honra civil do país, em reconhecimento ao seu “papel de liderança ao longo da vida no campo da ciência da computação”, do presidente Barack Obama. 

Grace foi enterrada com todas as honras militares no cemitério Nacional de Arlington. 

Além de todas as suas conquistas, o fato de Grace ter sucesso em um campo dominado por homens e em organizações dominadas por homens, incluindo a Marinha, foi excepcional, e são por esses motivos que devemos lembrar de mulheres incríveis como Grace Hopper! 

Agora que tal ver um vídeo do Canal Maker contanto um pouco da história da Grace em um vídeo sensacional?

Outras informações interessantes

  • Grace foi quem criou o termo BUG. Isso ocorreu quando procurava o problema do Mark II e descobriu um inseto (mariposa) preso nele. Então usou o termo debugging para a remoção do inseto (bug). 

    

  • Mesmo com todas as suas conquistas no campo da ciência da computação, Grace não deixou de lado o seu talento como professora, e o  ensino continuou sendo uma parte importante de sua vida, atuando em alguns momentos como professora visitante, e sempre organizando oficinas e conferências para promover o entendimento de computadores e programação. Em suas observações ao aceitar a Medalha Nacional de Tecnologia, ela disse: “Se você me perguntar de que realização tenho mais orgulho, a resposta seria todos os jovens que treinei ao longo dos anos”. 

Fontes

Grace Hopper. In: WIKIPÉDIA: the free encyclopedia. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Grace_Hopper>. Acesso em: 01 maio 2020.

CANAL MAKER. Grace Hopper, a cientista brilhante que facilitou a comunicação entre humanos e computadoresDisponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NvBLoRMRaug>. Acesso em: 1 maio 2020.

Yale University. Biography of Grace Murray Hopper. Disponível em: <https://president.yale.edu/biography-grace-murray-hopper#_edn1>. Acesso em: 27 maio 2020.\