Juros Compostos e o Número de Euler

Produção: equipe do projeto PROIN/CAPES 98.
Coordenadora: Vera L.X. Figueiredo
Professoras: Margarida P. Mello e Sandra A. Santos
Alunos: Carlos Eduardo Tibúrcio e Christian de Oliveira Moreira

Módulo por Carlos Eduardo Tibúrcio & Margarida P. Mello

   Neste módulo, vamos empregar o problema do cálculo do capital acumulado num fundo de investimentos como motivação para encontrarmos o valor do número de Euler, uma das constantes com as propriedades mais interessantes da matemática.

    Um fundo de investimentos funciona da seguinte forma: o cliente investe um montante de capital, a uma taxa de juros fixada, e escolhe dentre uma série de planos de capitalização. A capitalização é a freqüência com que as taxas de juros atuarão sobre o capital investido, proporcionando os rendimentos. Por exemplo, para as taxas de juros fixadas como anuais, e com capitalização mensal, taxas de 1/12 da anual agirão 12 vezes, incrementando o fundo.

   Podemos aplicar os conceitos de progressão geométrica (P.G.) a esse problema. Veja:

   Seja K o capital aplicado no início do ano e r a taxa anual de juros. Com capitalização anual o acréscimo de capital ocorre de acordo com o esquema abaixo

se a freqüência de capitalização fosse semestral o esquema seria modificado para

e com capitalização quadrimestral ganharia-se ainda mais dinheiro!!

Observe que, fixado o plano de capitalização, a seqüência de valores de capital acumulado forma uma P.G.

O capital acumulado ao final de doze meses para cada plano de capitalização é dado pela tabela a seguir:

   Podemos perceber que a taxa efetiva de rendimento será  , onde n é a freqüência de capitalização.

   A coluna direita da tabela acima contém exemplares de uma outra seqüência cujo n-ésimo termo é K.

   A expressão  representa a taxa de rendimento líquido do capital, ou taxa efetiva.

   Refazemos agora a tabela anterior acrescentando uma coluna com a relação de taxas efetivas

   Fixando o valor de K em 100 e o de r em 0.12 na última tabela, podemos aferir as diferenças entre os planos neste caso.

   Note que a seqüência de montantes acumulados é crescente. Além disso, a tabela indica que as diferenças entre termos consecutivos decresce. De fato, é possível mostrar que esta seqüência não explode (você não vai ficar rico aplicando em um fundo com capitalização instantânea!), é o que os matemáticos carinhosamente apelidam de seqüência monótona limitada. Neste caso, está garantida a existência de um valor limite para os montantes acumulados.

    Aliás esta seqüência é tão conhecida que o Mathematica já sabe calcular seu limite:

Fazendo k e r iguais a 1 obtemos a seqüência que tende para o número de Euler

   O resultado, na verdade, é mais geral: o mesmo limite é obtido quando n vai para e, em ambos os casos ( e ), n não precisa estar restrito a valores inteiros.

   Estes fatos podem ser visualizados no gráfico da função  abaixo.

   Observamos que a função realmente tende ao número de Euler quando a variável independente tende ao infinito, e que o resultado vale também para . A reta y = E é uma assíntota da função , tanto para quanto para . No primeiro caso a função aproxima-se da assíntota por baixo enquanto que, no segundo, aproxima-se por cima.


© 2001 Este material pode ser utilizado para fins educacionais mediante solicitação aos autores.

Última atualização em 01Fev2001